A tertúlia, moderada por Marta Ferreira e Neusa Veloso, teve como oradores três distintos convidados ligados à música e à cidade de Braga: Elisabete Costa, docente de piano e presidente da Assembleia de Escola do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga; Miguel Pedro Guimarães, compositor, produtor e multi-instrumentista, fundador dos Mão Morta; e ainda a jovem, e talentosa compositora Ana Seara.
Desta conversa resultaram importantes pistas sobre a relação entre a cidade de Braga e a música. Foi unânime a opinião de que ainda há muito a fazer em prol da música na cidade de Braga. Pelo discurso da Ana Seara percebemos que Braga oferece poucas oportunidades no mundo da música, sobretudo para quem sai do ensino especializado. O apelo de Lisboa parece ser demasiado forte. Talvez a abertura da licenciatura em Música na Universidade do Minho consiga mudar o cenário actual.
O Conservatório de Música Calouste Gulbenkian é, sem dúvida, uma referência importante da cidade. Para além do ensino especializado, o modelo de ensino integrado adoptado, permite que a música chegue a todos desde as idades mais jovens, que é quando, segundo Elisabete Costa, o ensino ou aprendizagem da música deve ser feito, não só no sentido de formar possíveis músicos, mas também de “educar para a música”, nos educar como espectadores e apreciadores.
Apesar de em Braga já serem preconizados alguns espectáculos, de serem realizados concertos, de existirem espaços como o Teatro Circo, segundo Miguel Pedro, a cidade, pela sua dimensão, não possui uma massa crítica suficiente para mudar o panorama vigente, ou seja, uma pouca procura cultural. De facto, não basta existir o físico, os espaços, é necessário o interesse e a procura por parte do público, e esta parece que só será conseguida com uma reeducação das pessoas, e voltaram os convidados aqui a salientar a importância de começar pelas camadas infantis, pois são estas que vão trazer a mudança do paradigma.
Na conversa que se gerou durante o evento, foram relembrados os “custos da cultura”. Ser músico exige muito trabalho, dedicação, esforço. É um acto de criação e desempenho, e isso deve ter um preço. No entanto, a cultura não é uma prioridade para as pessoas, não existindo ainda a percepção daquilo que a cultura, a criação artística podem trazer para as suas vidas.
Esta conversa serviu essencialmente para falar de música e falar de Braga. O presidente da Ágora Bracarense, Tiago Mourão, referiu que este ciclo “Cultura e Cidade” tem cumprido os objectivos, quer pela participação e envolvimento das pessoas, quer pelo facto de se falar de uma forma descontraída e interessante da cultura que tanta falta faz à cidade. Depois do teatro, literatura e música, este ciclo será para continuar, referiu.
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