segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Literatura Bracarense em discussão na Centésima Página

A Literatura Bracarense foi o tema escolhido pela Associação Cívica Ágora Bracarense, em colaboração com o grupo Só-Cenas Teatro, para o II Capítulo de uma série de tertúlias à volta da “Cultura e a Cidade.” Desde o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) ao intercâmbio cultural Galiza-Minho, o encontro de anteontem conseguiu “fugir ao tema, mas nem por isso deixou de ser interessante”, garante a organização.

José Reis-Sá, um dos convidados presentes na Livraria Centésima Página, realçou o aspecto indissociável da literatura bracarense relativamente à do resto do país. O editor e escritor é proveniente de Famalicão, distrito de Braga, mas não se considera diferente de qualquer outro que escreva noutro canto do país. Já o convidado galego Carlos Pazos, docente no Centro de Estudos Galegos da Universidade do Minho (UM), sublinhou a distinção que os galegos fazem da sua literatura com a desenvolvida no resto de Espanha. Acredita que esse diferencial se reveste de um carácter político.

César Ferreira, membro da Ágora, concluiu que, de facto, não há possibilidade de desenquadrar a literatura de Braga da literatura nacional. “Ainda assim”, garante, “o debate não foi perdido.”
Acordo Ortográfico em debate

“No Brasil o AOLP é tema de conversa por todo o lado” explica Reis-Sá, e acrescenta que em Portugal ninguém parece interessado. O desabafo parte da sua faceta de editor da Quasi e da Magnólia. Acredita que, em termos práticos, é bastante difícil concretizar o acordo.
Carlos Pazos, por outro lado, acredita que com livros escritos em português padrão seria possível “vender em todo o lado.” Como resposta, Reis-Sá explica que “Portugal não tem dinheiro para exportar para o Brasil, imprimir lá fica mais barato.”

As relações entre a região de Braga e a Galiza passearam-se também pelo tema AOLP. Embora a Galiza não participe no acordo, as semelhanças com a língua portuguesa são tais que os convidados admitem não ser de todo descabido vir a participar. Pazos apresentou uma revista de Braga, dos anos 50, editada em galego, português e no português do Brasil. “Trouxe a 4Ventos para demonstrar a tradição bracarense de relacionamento com a Galiza”, esclarece.
O Centro de Estudos Galegos, apesar de ser bastante limitado em termos de recursos humanos, “esforça-se por dar a conhecer a Galiza, ainda que o trabalho fique muito restringido à UM.” No dia 15 de Novembro, anunciou Pazos, está programada uma exposição sobre a cultura galega no Salão Medieval da Biblioteca Pública de Braga.

A última intervenção do debate foi feita por Margarida Direito, estudante de cinema de 21 anos, com um considerável percurso ligado à literatura. Entre um livro já editado, guiões e argumentos para filmes, esta associada da Ágora garante que escrever é uma necessidade diária. “O relato da Margarida surge no sentido de incentivar à escrita”, esclarece Marta Ferreira, vice-presidente da Associação.

Ágora grega em Braga romana

A Ágora pretende ser o que este espaço de debate grego foi no seu tempo, “um palco para discutir ideias”. Segundo Marta Ferreira, mestranda em Sociologia na UM, a próxima edição da “Cultura e a Cidade”, preveista para 15 de Dezembro, será sobre música. Não pode ainda revelar pormenores acerca dos convidados, pois ainda não tem confirmações, mas garante que “serão essencialmente de Braga.”
A associação mostra-se disponível para receber novos membros, que podem inscrever-se no
blog da associação. Aqui os interessados podem também encontrar informações acerca de todas as actividades da Ágora.

04/11/2007

Olga Pereira
in "ComUM"

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