sábado, 3 de novembro de 2007

Cultura e Cidade II - Literatura em Braga


Teve lugar, na tarde do último dia 2 de Novembro, o “II Capítulo” dos Encontros “Cultura e Cidade”, promovidos pela associação cívica Ágora Bracarense, e pela Só-Cenas Teatro. Este segundo encontro, subordinado ao tema “Literatura em Braga”, foi moderado por César Ferreira (Ágora Bracarense) e contou com a presença do escritor e editor Jorge Reis-Sá, do professor do Centro de Estudos Galegos da U.M. Carlos Pazos e da jovem escritora Margarida Direito.

Esta iniciativa, inédita e bastante participada, teve como cenário de fundo a livraria Centésima Página, onde se abriu o livro para a discussão e a troca de ideias.

O escritor Jorge Reis-Sá, natural de Famalicão, divide a sua vida entre a escrita, a edição (“porque a literatura não sustenta uma casa”) e a formação académica. Este primeiro interveniente fez um relato da sua experiência enquanto escritor e editor da região. Segundo o orador, “a escrita é um trabalho que não dá insónias”. Escreve um dia por semana, nos restantes é editor. Acrescentou ainda o escritor que “o essencial são os artifícios utilizados na escrita para que os leitores sintam o que o autor quer que eles sintam e não o que o escritor sentia enquanto escrevia”. Relativamente ao consumo de literatura, referiu a importância das pessoas lerem e se cultivarem, mas considera que “não há fórmulas milagrosas para fazer alguém gostar de ler”. Considera ainda este autor que, à imagem da sociedade que temos, que privilegia o “pronto-a-consumir”, existem livros de consumo rápido, para “ler e deitar fora”, e os livros de prateleira, pensando ser positivo consumir estes dois tipos de escrita. Falando mais na pele de editor, admitiu que por vezes tem de editar obras mais comerciais para conseguir editar obras mais alternativas. Foi ainda dado ênfase ao acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil, que entrará em vigor em Fevereiro ou Março de 2008, e não está a ter a devida discussão em Portugal.

Já o segundo orador da tarde, o docente do Centro de Estudos Galegos e da secção de Estudos Espanhóis e Hispano-Americanos da Universidade do Minho, Carlos Pazos, falou da sua experiência enquanto “embaixador” da cultura galega em Braga. Carlos Pazos é da opinião de que não existe uma efectiva “literatura bracarense”, pois sendo Portugal um Estado-nação, e que a um Estado equivale uma cultura, um povo e uma língua, prefere falar em “literatura portuguesa”, porque não há um factor de diferenciação entre a literatura produzida em Braga e a produzida no resto do país. No entanto, podemos falar em “literatura galega”, segundo ele. Este docente referiu que os Portugueses não costumam consumir literatura galega, mas que os galegos consumem muita literatura portuguesa de referência e que alguns escritores galegos preferem escrever em português. Ressalvou ainda a identificação histórica entre a Galiza e Braga (Bracara Augusta era a capital da província de Gallaecia), e que isso se manifesta também na literatura, pois o tipo de literatura foi sempre muito parecida (ex: cantigas de amigo, cantigas de amor, que existiram em Portugal e na Galiza). Mencionou ainda o docente galego que existe identificação literária porque a literatura se relaciona com a realidade social e com a sociedade, “não é algo artificial”.

A sessão foi ainda finalizada com a participação da associada da Ágora Bracarense, Margarida Direito que relatou a sua experiência enquanto jovem escritora Bracarense. Editou o seu primeiro livro aos 17 anos, tendo escrito desde aí vários guiões de teatro e argumentos para cinema. Esta jovem falou da escrita como uma “necessidade diária e permanente”.
A Ágora Bracarense aproveita para informar que os encontros “Cultura e Cidade” regressarão em Dezembro/Janeiro, com uma “III Faixa”, debatendo-se outras manifestações da cultura na cidade de Braga. Fiquem atentos… toda a informação em: http://www.agorabracarense.blogspot.com/

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